quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Bira Corôa saúda padroeira de Araci na festa do seu dia

O município de Araci foi parabenizado pelo deputado Bira Corôa (PT) pela comemoração do dia de sua padroeira, Nossa Senhora da Conceição, ocorrido em 8 de dezembro. O parlamentar inseriu nos Anais da Assembleia Legislativa moção de congratulações para marcar o transcurso da data. "É com grande alacridade que parabenizo a todos os aracienses pela passagem de mais uma comemoração festiva pelo dia da padroeira Nossa Senhora da Conceição", disse.

Segundo Bira, trata-se da celebração de um título litúrgico realizada pelos católicos que professam a prerrogativa concedida unicamente a Nossa Senhora, da concepção sem a mancha do pecado original. Ou seja, Deus preparou uma criatura pura, toda santa, cheia de graça e beleza, para ser a Mãe do seu Filho e sua alma santíssima jamais foi manchada pela menor imperfeição. Assim, da palavra "concebida" formou-se o derivado "Conceição" e da expressão "sem pecado" adotou-se "Imaculada" e as duas foram unidas ao vocativo "Nossa Senho-ra", formando o título "Nossa Senhora da Imaculada Conceição".

O deputado destaca que os festejos comemorativos para o Dia de Nossa Senhora da Conceição contam com a participação da comunidade que com fé e alegria participam das novenas que acontece na Igreja Matriz. O encerramento dos festejos em devoção à padroeira acontece com uma grande procissão pelas ruas da cidade, na qual os participantes louvam Nossa Senhora, renovando sua fé. "Parabenizo a Paróquia de Araci e a todos os cidadãos aracienses, merecedores dessa justíssima homenagem", finalizou Bira.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O racismo não cordial do brasileiro

Por Mario Sergio
Neste final de ano pude testemunhar e viver a vergonha dessa praga do racismo aqui em nossa multicultural São Paulo. E com pessoas próximas e queridas. Não dá para ficar calado e deixar apenas o inquérito policial que abrimos tomar conta dos desdobramentos desse episódio lamentável e sórdido.

Na sexta feira, 30, nossos primos, espanhóis, e seu pequeno filho de 6 anos foram a um restaurante, no bairro Paraíso (ironia?) para almoçar. O garoto quis esperar na mesa, sentado, enquanto os pais faziam os pratos no buffet, a alguns metros de distância. A mãe, entre uma colherada e outra, olhava para o pequeno que esperava na mesa. De repente, ao olhar de novo, o menino não mais estava lá. Tinha sumido.

Preocupada, deixou tudo e passou a procurá-lo ao redor. Ao perguntar aos outros frequentadores, soube que o menino havia sido retirado do restaurante por um funcionário de lá. Desesperada, foi para a rua e encontrou-o encolhido e chorando num canto. Perguntado (em catalão, sua língua) disse que "o senhor pegou-me pelo braço e me jogou aqui fora".

O casal e a criança voltaram para o apartamento de minha sogra e contaram o ocorrido. Minha sogra que é freguesa do restaurante, revoltada, voltou com eles para lá. Depois de tergiversações, tentativas de uma funcinária em pôr panos quentes, enfim o tal sujeito (gerente??) identificou-se e com a arrogância típica de ignorantes, disse que teria sido ele mesmo a cometer o descalabro. Mas era um engano, mas plenamente justificável porque crianças pedintes da feira costumavam pedir coisas lá e incomodar. E que ele era bom e até os alimentava de vez em quando. Nem sequer pediu desculpas terminando por dizer que se eles quisessem se queixar que fossem à delegacia.

Minha sogra ligou-me e, de fato, fomos à delegacia do bairro e fizemos boletim de ocorrência. O atendimento da delegada de plantão foi digno e correto. Lavrou o BO e abriu inquérito. Terminou pedindo desculpas e que meus primos não levem uma impressão ruim do Brasil.

Em tempo: o filho de 6 anos é negro. Em um e-mail (ainda não respondido pelo restaurante Nonno Paolo) pergunto qual teria sido a atitude se o menino fosse um loirinho de olhos azuis.

Rubem Alves




‎"Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses."




Ellen Oléria: Testando

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A designer baiana Goya Lopes e suas criações

O que me motiva a criar são vários fatores. Um deles é a convivência com as raízes africanas da Bahia, que estão registradas também pelas lentes dos fotógrafos da Boa Terra, dentre eles Pierre Verger e Adenor Gondim. Esses artistas da imagem captam a essência viva da cultura do povo da Bahia. Conviver rotineiramente com essas imagens faz parte de minha vida de criadora, universo de minha realização como artista.
Goya Lopes

Goya Lopes

Pinturas rupestres, ecologia, entalhes em portas da Nigéria e musicalidade da Bahia têm muita coisa em comum. Pelo menos na visão e nos traços da baiana Goya Lopes, designer têxtil que está fazendo nome em Roma e em Nova York com sua grife Didara (bom, na língua africana iorubá). Roupas e tecidos produzidos por ela apresentam cores fortes, amarelo, laranja, vermelho, e belos motivos afro-brasileiros, um trabalho tão marcante que conquistou até artistas como o brasileiro Moraes Moreira e o jamaicano Jimmy Cliff.

Os desenhos de Goya, como cenas de caçada ou representações de grandes animais que parecem pinçadas de alguma caverna antiga, ou figuras abstratas, são feitos depois de muita pesquisa. Quando surge a idéia, ela se debruça sobre o trabalho. Levanta dados, consulta sociólogos. Quer conteúdo para sua temática afro-brasileira. Captados os ingredientes de sua próxima obra, Goya deixa-se absorver pela criação. "Aí, não me importo se o que estou fazendo é do Sul, da Europa ou da África. Meu trabalho é um caldeirão", explica.
Nesse caldeirão, acrescenta, vai muita vibração esotérica. Gosta de pintar temas ligados à mandala, aos orixás, à cultura iorubá. Quando a criação chega ao fim, a designer não quer saber de classificações. "Cada elemento pesquisado para a pintura é visto, é perceptível, mas dentro de uma integração. Um penetra no outro. É esse universo que deve ser apreciado", reforça.
Essa vocação pela pesquisa vem de longe. O sonho mais antigo era ser arqueóloga. Já se interessava muito por pinturas rupestres, línguas primitivas. Na década de 70, Goya começou a estudar História. Não satisfeita, cursou Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia. E acabou descobrindo que gostava mais de pintar, de criar. Com o tempo, esse gosto deixou os quadros e ganhou outras telas: os tecidos. Tecidos de algodão, juta, viscose, popeline...
Mas essa história começou depois, na década de 80. Em 1977, recém-formada e trabalhando em restaurações, Goya ganhou uma bolsa do governo italiano e foi estudar design na Università Internazionale dell'Arte, em Florença.
Ao voltar para o Brasil, Goya se instalou em São Paulo, cujo mercado oferecia melhores oportunidades aos designers. Em 1981, fazia criações para empresas, vendia desenhos, idéias. Foi um período difícil porque por essa época a arte afro não oferecia muitos referenciais. A temática já estava desenvolvida, mas não havia ousadia nas cores.
"O padrão africano era reconhecido. O meu, não. Eu misturava temas da África e da Bahia e usava cores com influência européia, coisas novas", recorda a designer.
Dois anos depois, Goya voltava para a terrinha. Em Salvador, cidade turística, deu início a sua carreira de forma bem artesanal. Ela produzia peças únicas em silk-screen.
Atualmente, embora tenha abandonado a produção artesanal, Goya não deixou de trabalhar com a sensação das peças únicas. "Não faço grande produção. Prefiro dar satisfação a quem compra, me preocupo com a clientela". Essa preocupação deu resultado, principalmente com os comerciantes de São Paulo.
Em 1986, foi lançada a grife Didara. Em 1988, a designer passou a exportar para a Itália e os Estados Unidos.
A Didara hoje está instalada em Salvador no Centro Histórico e em São Paulo, onde Goya começa a trabalhar uma linha de decoração com suas estampas. Sua equipe atual conta com 17 pessoas, mas a designer assume parte ativa da empresa.
Além de criar o desenho, ela escolhe tons e faz a arte final. As pesquisas, claro, partem dela e resultam em camisetas, short's, bolsas, sacolas, chapéus, cangas, saias, páreos, sandálias, sapatos, colchas, jogos americanos.
Durante a Eco-92, Goya fez questão de se encontrar com mulheres africanas. Ficou encantada com suas vestimentas e resolveu mostrar suas criações. O encantamento foi recíproco. Quem pôde comparar, recorda a designer, percebeu a diferença entre as estampas. "Minha cor é tropical, mas não africana. E meu trabalho indica que o pessoal da Bahia quer voltar para a ancestralidade, mas com um olhar na contemporaneidade", filosofa. Quer resgatar o lúdico. Quer os entalhes das portas da Nigéria e a representação dos novos ritmos baianos desenhados sobre artísticos tecidos que cobrirão os corpos.
Goya objetiva, principalmente, resgatar o lúdico nacional. Em seus tecidos, entalhes nigerianos dançam ao som dos mais alegres ritmos da Bahia.
Uma mistura de pesquisa e espontaneidade que ainda fará muita gente dizer: "Eis um legítimo Goya".

Texto de Lena Castellón


Olhos magros: uma nova tendência


A minha função espiritual faz de mim uma intermediária entre o humano e o sagrado e para exercê-la da melhor maneira possível tenho como instrumento o Jogo de Búzios. Pessoas de diferentes idades, raças e até mesmo credos, buscam a ajuda desse oráculo. Surpreende-me o fato de que uma grande parte dos que me procuram sente-se vítimas de inveja.
Engraçado é que nunca, nem um só dia sequer, alguém chegou pedindo-me ajuda para se libertar da inveja que sentia dos outros. Será que só existem invejados? Onde estarão os invejosos? E o pior é quando consulto o oráculo e ele me diz que os problemas apresentados não são decorrentes de inveja, a pessoa fica enfurecida.
Percebo logo que existe ali uma profunda insegurança, que gera uma necessidade de autovalorização. Se isso ocorresse apenas algumas vezes, menos mal, o problema é que esse comportamento é uma constante. Isso me leva a pensar que cada pessoa precisa olhar dentro de si, tentar perceber em que grau a inveja existe dentro dela, para assim buscar controlar e emanar este sentimento, de modo que ela não venha a atuar de maneira prejudicial ao outro, mas principalmente a si, pois qualquer energia que emitimos, reflete primeiro em nós mesmos.
Uma fábula sobre a inveja serve para nossa reflexão: Uma cobra deu para perseguir um vagalume, cuja única atividade era brilhar. Muito trabalho deu o animalzinho brilhante à insistente cobra, que não desistia de seu intento. Já exausto de tanto fugir e sem possuir mais forças o vagalume parou e disse à cobra: – Posso fazer três perguntas? Relutante a cobra respondeu: – Não costumo conversar com quem vou destruir, mas vou abrir um precedente. O vagalume então perguntou: -Pertenço à sua cadeia alimentar?- Não, respondeu a cobra. – Fiz algum mal a você-?- Não, continuou respondendo a cobra.- Então por que me persegue?- perplexo, perguntou o brilhante inseto. A cobra respondeu: – Porque não suporto ver você brilhar, seu brilho me incomoda.
Ingênuas as pessoas que pensam que o brilho do outro tem o poder de ofuscar o seu. Cada um possui seu brilho próprio, que deve estar de acordo com sua função. Existem até pessoas cujas funções requerem simplicidade, onde o brilho natural só é percebido através do reflexo do olhar do outro.
Lembro-me de uma garotinha de apenas 10 anos de idade que a mãe me procurou para ajudá-la, pois ela ficava furiosa quando não tirava nota dez na escola. Comportamento que fazia com que seus coleguinhas se afastassem dela. Algumas tardes eu passei conversando com a garota. Um dia ela chegou me dizendo que não apresentava mais o referido problema, que até tirou nota dois e não se incomodou.
Fiquei muito feliz, cheguei mesmo a ficar vaidosa, pois acreditei que aquela nova atitude era resultado de nossas conversas. Foi quando ela me disse:- Sabe por que não me incomodei de tirar nota dois, Mãe Stella? Ansiosa, perguntei:- Por quê? Ao que ela me respondeu: – Porque o resto da turma tirou nota um. Rimos juntas da minha pretensa sabedoria de conselheira e do natural instinto de vaidade que ela possuía e que muito trabalho teria para domá-lo. O desejo que a garota possuía de brilhar mais do que os outros, com certeza atrairia para ela muitos problemas. Afinal, ela não queria ser sábia, ela queria ser vista.
O caso contado anteriormente fez lembrar-me de outro que eu presenciei, onde uma senhora repleta de ouro insistia em me dizer que as pessoas estavam olhando para ela com inveja. Cansada daquele queixume, disse-lhe que quem não quer ser visto, não se mostra.
A inveja é popularmente conhecida com olho gordo. Se não queremos ser atingidos pelo olho gordo do outro, devemos cuidar para que  nossos olhos emagreçam, não deixando que eles cresçam com o desejo de possuir o alheio. Já que fazemos dieta para nossos corpos serem saudáveis, devemos também fazer dieta para nossos olhos, pois eles refletem a beleza da alma. A tendência agora é, portanto, olhos magrinhos, mas não anoréxicos, pois alguns desejos eles precisam ter, de preferência desejos saudáveis.


Maria Stella de Azevedo Santos é Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá
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