domingo, 12 de fevereiro de 2012

Movimento Negro e a Petrobrás

Representantes do Movimento Negro no Brasil estiveram presentes na tarde desta terça (07/02) ,às 17hs, na cerimônia de assinatura do protocolo de intenções culturais entre a Seppir e Petrobrás , na sede do órgão (Rio de Janeiro)
Interlocutores: Mãe Beata de Yemanjá ( Ilê Axé Omi Oju Arô - Rj) e Januário Garcia ( criador do Teatro Experimental do Negro (TEN) na década de 1940, professor emérito da Universidade de Nova York e Doutor Honoris Causa por várias instituições de ensino superior, entre elas, a Universidade de Brasília e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro.


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Polícia culpa de donos de hospitais por morte de secretário

Funcionário do Ministério do Planejamento morreu sem atendimento

O diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal, Onofre Moraes, afirmou nesta segunda-feira que a responsabilidade pela morte do secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva, recairá sobre os donos dos hospitais que negaram atendimento, que podem ser acusados por homicídio culposo. Na madrugada da última quinta-feira, Duvanier teve atendimento recusado nos hospitais Santa Lúcia e Santa Luzia, em Brasília, que não aceitavam o convênio médico dele. O secretário morreu no hospital Planalto, o terceiro visitado na madrugada.

Segundo Moraes, não é possível responsabilizar os atendentes que estavam de plantão na ocasião. "Os atendentes não podem ser responsabilizados porque são meros funcionários e fazem essas exigências por determinação superior. O médico de plantão também não poderia ser responsabilizado porque não teve contato com o paciente e não saberia da gravidade dele. Todos serão ouvidos e a responsabilidade vai recair sobre os proprietários dos hospitais, essa determinação só pode ter partido deles", afirmou.

A Delegacia do Consumidor da Polícia Civil apura, ainda, se os dois hospitais que negaram atendimento a Duvanier exigiram um cheque-caução como forma de garantia. Onofre Moraes criticou a atitude, que é considerada ilegal pela Agência Nacional de Saúde Suplementar. O diretor da Polícia Civil informou, ainda, que mesmo que o hospital particular atenda um paciente que não é coberto por plano de saúde, a unidade é reembolsada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

"O atendimento não é gratuito. Mas existe um porém: o SUS reembolsa o equivalente a 1/3 do preço cobrado pelo hospital. O que podemos detectar é que os hospitais não prestam esse atendimento para deixar as vagas para quem tem condição financeira. Estão fazendo um verdadeiro comércio em relação à saúde, e não é só em Brasília", disse Onofre Moraes.

Além do inquérito conduzido pela Delegacia do Consumidor, a 1ª DP de Brasília está conduzindo investigações para apurar as circunstâncias que ocasionaram a morte do secretário. Segundo o delegado-chefe adjunto da unidade, Johnson Kenedy, a expectativa é que os depoimentos dos familiares, atendentes e médicos envolvidos no episódio sejam ouvidos "o mais rápido possível".


Fonte:http://jornale.com.br/portal/brasil/42-01-brasil/22397-policia-culpa-de-donos-de-hospitais-por-morte-de-secretario.html

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sobre Salvador, o povo Bahiense e a LOUOS



Tem duas frases que para mim resumem o atual momento de Salvador, uma é de Gregório de Matos “a mim me bastava que o prefeito desse um jeito na cidade da Bahia” e a outra é a que percorreu as ruas de Salvador em 1798 quando da Revolta dos Búzios e foi elaborada pelos seus sediciosos: "Animai-vos Povo baiense que está para chegar o tempo feliz da nossa Liberdade, o tempo em que todos seremos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais."

Apesar de uma ter sido publicada no século XVII e a outra no século XVIII, épocas em que manifestações não se avolumavam através de notificações no Facebook, as duas têm reflexos na situação atual da cidade do Salvador e dialogam concretamente com o que vivemos hoje, afinal de contas se complementam frente ao grande desafio da Lei de Ordenamento de Uso do Solo ( LOUOS ), da mobilidade urbana e a necessidade de pensar a cidade considerando a sua diversidade e a questão étnico racial.

Havia um tempo em que para sair nos blocos de carnaval tinha que preencher ficha, com foto e endereço, daí tinha uma análise para ver quem estava apto a ser de tal bloco. Ninguém assumia, mas naquela época era inimaginável que uma mulher negra com dreads nos cabelos e moradora de Mussurunga pudesse ter a sua ficha avalizada no Eva que fazia propaganda na televisão com o seguinte áudio: “Eva o metro quadrado mais bonito da avenida” enquanto as imagens em câmera lenta mostravam longas madeixas loiras mexendo de um lado para o outro. Era o tal do racismo velado brasileiro, hoje o cantor Saulo empresta sua voz a boneco negro em videoclipe e debate o encontro dos trios na Praça Castro Alves, um avanço conquistado com muita luta.

Mas Mussurunga continua lá e juntamente com Cajazeiras City, Bairro da Paz, Fazenda Coutos, Plataforma, Paripe, Escada, São Cristovão, IAPI, Avenida Peixe, Sussuarana, Pau da Lima, Vila Canária, Marechal Rondon, Alto do Coqueirinho, Pela Porco, Santo Inácio, Liberdade, Pirajá, Jardim Cajazeiras, Castelo Branco, Beiru, só para citar alguns, formam o cotidiano étnico racial desta cidade.

O geógrafo Milton Santos que tão bem descreveu as relações étnico raciais neste país trata esta questão da seguinte maneira:

“Se me perguntam se a classe média é formada por cidadãos. eu digo que não... Em todo caso no Brasil não é, porque não é preocupada com direitos, mas com privilégios. (sic) E o fato de que a classe média goze de privilégios e não de direitos, que impede aos outros brasileiros de ter direitos. É por isto que no Brasil quase não há cidadãos. Há os que não querem ser cidadãos que são as classes médias, e há os que não podem ser cidadãos que são todos os demais, a começar pelos negros que não são cidadãos. Digo-o por ciência própria. Não importa a festa que me façam aqui e ali, o cotidiano me indica que não sou cidadão neste país... (sic) cidadania mutilada também na localização dos homens, na sua moradia. Cidadania mutilada na sua circulação. Este famoso direito de ir e vir, que alguns nem imaginam  existir, mas que na verdade é tolhido para uma parte significativa da população... (sic) o meu caso é o de todos os negros deste país, exceto quando apontado como exceção. E ser apontado como exceção além se ser constrangedor para aquele que o é, constitui algo de momentâneo, de impermanente, resultado de uma integração casual”.

A votação da Lei de Ordenamento e Uso do Solo ( LOUOS ) mostra isto. A cidade continua a ser lugar de poucos não importando a época. As frases e pensamentos de séculos diversos refletem isto, os representantes eleitos com voto do povo atendem a interesses individuais e ao capital especulativo, sem se preocupar com a cidade e sua diversidade, como canta Edson Gomes “este sistema é um vampiro”.

O atual prefeito é a síntese disto, destoando de tudo que é coletivo e tratando a cidade como uma criança a construir castelos de areia nas praias sem barracas. No mesmo esteio, parcela significativa de vereadores mendiga ao Prefeito cargos para os seus apadrinhados e fazem negócios escusos com as grandes corporações.

Ora, ao destruir as reservas de Mata Atlântica, aumentar a zona de sombreamento das praias da cidade, ampliar o gabarito para a construção de hotéis na orla da cidade dificultando a ventilação e elevando o aquecimento de bairros onde vivem negros, instala-se o caos na cidade e escancara-se o racismo ambiental. No geral o conceito da  LOUOS  é: mais para quem tem mais em detrimento a quem nunca teve direito algum. O sórdido pano de fundo é a construção de uma cidade melhor e mais moderna.

Os habitantes da cidade de Salvador a cada dia se manifestam mais contra tais descalabros e o conceito que percorre a internet não é diferente da crítica mordaz de Gregório de Matos alcunhado, Boca de Brasa, ou dos panfletos sediciosos da Conjuração dos Alfaiates que acabou com o esquartejamento dos quatro negros que hoje fazem parte do panteão de heróis nacional.

Mas uma coisa é fato, a justiça chega. Às vezes pode demorar 200 anos, como foi para reconhecer como heróis os líderes negros da Revolta dos Búzios João de Deus, Lucas Dantas, Luis Gonzaga e Manuel Faustino. Oxalá permita, a justiça também pode vir rapidamente em quatro anos para muitos vereadores ou em  oito para o atual prefeito da Cidade de Salvador.


Marcos Rezende
 é historiador e religioso de Matriz Africana




domingo, 22 de janeiro de 2012

Itapuã na luta contra a intolerância religiosa



Com a participação de representantes de diversos terreiros da região e simpatizantes das religiões católicas e evangélicas, a 5ª Caminhada contra Intolerância religiosa e pela Paz em Itapuã, na orla de Salvador, foi o gran de atrativo do sábado para quem põde caminhar do Largo da Sereia até a Lagoa do Abaeté, antes da ida à praia.

O evento foi organizado pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN) na Bahia, com o apoio dos deputados federal Valmir Assunção (PT-BA) e estadual Bira Corôa (PT), e teve a presença da secretária de Políticas das Mulheres, Vera Lúcia Barbosa, além da yalorixá Jaciara Brito, coordenadora nacional das religiões de matrizes africanas, além do coordenador do CEN na Bahia, Marcos Rezende.

Ao som dos atabaques e da bateria do bloco afro Malê debalê, o cortejo fez um percurso de pouco mais de um quilômetro, até a Lagoa do Abaeté, parado diversas vezes para pronunciamentos dos organizadores. "É uma maneira de mostrar que nós, negros, que representamos 70% da população de Salvador e 51% da população brasileira, estamos nas ruas buscando a integração nessa sociedade que é pluralista, mas ainda discrimina, disse Rezende.




Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...