sábado, 17 de dezembro de 2011

Não deixe o samba morrer...



"O povo gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual!"
 Joãozinho Trinta.

A ‘faxina’ da privataria tucana

Por Altamiro Borges
No epílogo do livro “A privataria tucana”, o premiado jornalista Amaury Ribeiro conclama a sociedade a desvendar o que ocorreu no criminoso processo das privatizações das estatais no reinado de FHC:
*****Varrer a sujeira para debaixo do tapete, como se fez tantas vezes, não é mais possível. Não há tapete suficiente para acobertar tanto lixo. O Brasil, que escondeu a escravidão e ainda oculta a barbárie de suas ditaduras, não pode negar aos brasileiros a evisceração da privataria. Quem for inocente que seja inocentado, quem for culpado que expie pela culpa.Se isso não acontecer, isto é, se a memória do saque não se tornar patrimônio dos brasileiros, o país poderá repetir esta história, mais cedo ou mais tarde. Não é demais reparar que, na América Latina, estamos atrasados nestas providências. No México, o ex-presidente Carlos Salinas de Gortari – espécie de santo padroeiro da privataria latina – crivado de denúncias de corrupção, saltou em seu jatinho e fugiu para Nova York. Na Bolívia, após privatizar até a água, que entregou à francesa Suez-Lyonnaise des Eaux e à norte-americana Betchel, o “modernizador neoliberal” Gonzalo Sánchez de Lozada foi ejetado do seu trono aos gritos de “assassino” e voou para Miami.
Tripulando uma razia privatizante que liquidou até mesmo estatais que davam lucro e um processo de concentração de renda que desempregou 30% da população nativa, Carlos Menem virou sinônimo de azar. Na Argentina, as pessoas dizem “Mendéz” para não pronunciar seu nome receando uma catástrofe. No Peru, após aprovar sua segunda reeleição, Alberto Fujimori evadiu-se do país sob acusação de surrupiar US$ 15 milhões do erário e autorizar a execução de dissidentes. Condenado a 25 anos de prisão, Fujimori admitiu, depois, ter concedido propinas – “briberization”, como diria Joseph Stiglitz – o que somou à sua pena mais alguns anos de cadeia.(…)Resta saber se quem interpreta o Estado Mínimo como uma perversidade ineficaz – aqui ou em qualquer outro lugar – está disposto a fazer valer sua condição cidadã e exigir da Polícia, do Fisco, do Ministério Público e da Justiça que cumpram sua parte. Se jogar uma luz sobre este passado ainda imerso nas sombras, este livro, que termina aqui, terá cumprindo a sua parte. E tudo o que houve terá valido a pena.
***** Maior assalto ao patrimônio públicoO livro de Amaury Ribeiro não é apenas “uma luz sobre este passado ainda imerso nas sombras”. É um canhão de holofotes que devassa os subterrâneos da privatização, “o maior assalto ao patrimônio público da história do Brasil”. É a peça que faltava para entender o que ocorreu naquele período de êxtase neoliberal, de desmonte do estado, da nação e do trabalho.Nas suas 343 páginas, um terço delas com documentos oficiais, o livro comprova que a privataria serviu para enricar meia dúzia de empresários, que concentraram ainda mais as riquezas, mas também para desviar recursos públicos para tucanos de alta plumagem, que se utilizaram de mecanismos engenhosos de lavagem de dinheiro e de paraísos fiscais.Filha, genro e ex-tesoureiro de SerraFruto de dez anos de investigação jornalística, o livro desvenda “a conexão entre a onda privatizante e a abertura de contas sigilosas e de empresas de fachada nos paraísos fiscais do Caribe, onde se lava mais branco não somente ‘o dinheiro sujo da corrupção’, mas também do narcotráfico, do contrabando de armas e do terrorismo. Um ervanário que, após a assepsia, retorna limpo ao Brasil”. Entre os beneficiários do saque, o livro desmascara o falso ético José Serra. Com farta documentação obtida em juntas comerciais, cartórios, Ministério Público e Justiça, ele comprova que seu clã e sua turma realizaram movimentações financeiras sinistras com a grana das privatizações. Surgem os nomes da sua filha, do seu genro, do seu primo e do seu ex-tesoureiro de campanha, entre outros privatas.

Urgência da CPI da Privataria
A obra é devastadora. Nos seus 16 capítulos, que serão sintetizados aqui numa série de artigos, fica patente a urgência da criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das privatizações, proposta pelo deputado Protógenes Queiroz. É inconcebível que toda esta sujeira fique debaixo do tapete! Em tempos de “faxina”, como alardeia a mídia udenista, é urgente limpar a história do Brasil.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Triste Judiciário

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) é formado por 33 ministros. Foi criado pela Constituição de 1988. Poucos conhecem ou acompanham sua atuação, pois as atenções nacionais estão concentradas no Supremo Tribunal Federal. No site oficial está escrito que é o tribunal da cidadania. Será?
Um simples passeio pelo site permite obter algumas informações preocupantes.
O tribunal tem 160 veículos, dos quais 112 são automóveis e os restantes 48 são vans, furgões e ônibus. É difícil entender as razões de tantos veículos para um simples tribunal. Mais estranho é o número de funcionários. São 2.741 efetivos.
Muitos, é inegável. Mas o número total é maior ainda. Os terceirizados representam 1.018. Desta forma, um simples tribunal tem 3.759 funcionários, com a média aproximada demais de uma centena de trabalhadores por ministro!! Mesmo assim, em um só contrato, sem licitação, foram destinados quase R$2 milhões para serviço de secretariado.
Não é por falta de recursos que os processos demoram tantos anos para serem julgados. Dinheiro sobra. Em 2010, a dotação orçamentária foi de R$940 milhões. O dinheiro foi mal gasto. Só para comunicação e divulgação institucional foram reservados R$11 milhões, para assistência médica a dotação foi de R$47 milhões e mais 45 milhões de auxílio-alimentação. Os funcionários devem viver com muita sede, pois foram destinados para compra de água mineral R$170 mil. E para reformar uma cozinha foram gastos R$114 mil. Em um acesso digno de Oswaldo Cruz, o STJ consumiu R$225 mil em vacinas. À conservação dos jardins - que, presumo, devem estar muito bem conservados - o tribunal reservou para um simples sistema de irrigação a módica quantia de R$286 mil.
Se o passeio pelos gastos do tribunal é aterrador, muito pior é o cenário quando analisamos a folha de pagamento. O STJ fala em transparência, porém não discrimina o nome dos ministros e funcionários e seus salários. Só é possível saber que um ministro ou um funcionário (sem o respectivo nome) recebeu em certo mês um determinado salário bruto. E só. Mesmo assim, vale muito a pena pesquisar as folhas de pagamento, mesmo que nem todas, deste ano, estejam disponibilizadas. A média salarial é muito alta. Entre centenas de funcionários efetivos é muito difícil encontrar algum que ganhe menos de 5 mil reais.
Mas o que chama principalmente a atenção, além dos salários, são os ganhos eventuais, denominação que o tribunal dá para o abono, indenização e antecipação das férias, a antecipação e a gratificação natalinas, pagamentos retroativos e serviço extraordinário e substituição. Ganhos rendosos. Em março deste ano um ministro recebeu, neste item, 169 mil reais. Infelizmente há outros dois que receberam quase que o triplo: um, R$404 mil; e outro, R$435 mil. Este último, somando o salário e as vantagens pessoais, auferiu quase meio milhão de reais em apenas um mês! Os outros dois foram "menos aquinhoados", um ficou com R$197 mil e o segundo, com 432 mil. A situação foi muito mais grave em setembro. Neste mês, seis ministros receberam salários astronômicos: variando de R$190 mil a R$228 mil.
Os funcionários (assim como os ministros) acrescem ao salário (designado, estranhamente, como "remuneração paradigma") também as "vantagens eventuais", além das vantagens pessoais e outros auxílios (sem esquecer as diárias). Assim, não é incomum um funcionário receber R$21 mil, como foi o caso do assessor-chefe CJ-3, do ministro 19, os R$25,8 mil do assessor-chefe CJ-3 do ministro 22, ou, ainda, em setembro, o assessor chefe CJ-3 do do desembargador 1 recebeu R$39 mil (seria cômico se não fosse trágico: até parece identificação do seriado "Agente 86").
Em meio a estes privilégios, o STJ deu outros péssimos exemplos. Em 2010, um ministro, Paulo Medina, foi acusado de vender sentenças judiciais. Foi condenado pelo CNJ. Imaginou-se que seria preso por ter violado a lei sob a proteção do Estado, o que é ignóbil. Não, nada
disso. A pena foi a aposentadoria compulsória. Passou a receber R$25 mil. E que pode ser extensiva à viúva como pensão. Em outubro do mesmo ano, o presidente do STJ, Ari Pargendler, foi denunciado pelo estudante Marco Paulo dos Santos. O estudante, estagiário no STJ, estava numa fila de um caixa eletrônico da agência do Banco do Brasil
existente naquele tribunal. Na frente dele estava o presidente do STJ.
Pargendler, aos gritos, exigiu que o rapaz ficasse distante dele, quando já estava aguardando, como todos os outros clientes, na fila regulamentar. O presidente daquela Corte avançou em direção ao estudante, arrancou o seu crachá e gritou: "Sou presidente do STJ e você está demitido. Isso aqui acabou para você." E cumpriu a ameaça. O estudante, que dependia do estágio - recebia R$750 -, foi sumariamente demitido.
Certamente o STJ vai argumentar que todos os gastos e privilégios são legais. E devem ser. Mas são imorais, dignos de uma república bufa. Os ministros deveriam ter vergonha de receber 30, 50 ou até 480 mil reais por mês. Na verdade devem achar que é uma intromissão indevida examinar seus gastos. Muitos, inclusive, podem até usar o seu poder legal para coagir os críticos. Triste Judiciário. Depois de tanta luta para o estabelecimento do estado de direito, acabou confundindo independência com a gastança irresponsável de recursos públicos, e autonomia com prepotência. Deixou de lado a razão da sua existência:
fazer justiça.

MARCO ANTONIO VILLA é historiador e professor da Universidade Federal de São Carlos (SP)

Sócrates: inteligência dentro e fora dos gramados


Os ídolos do esporte cada vez mais têm suas imagens esculpidas para serem vendidos como bons moços, pessoas humildes, que gostam de crianças e animais. São na verdade transformados em uma substância insípida, inodora e incolor. Afinal de contas, ser um produto bom pra vender é a função de uma mercadoria no sistema capitalista, e não manifestar opiniões e, principalmente, convicções. O ex-jogador Sócrates, que morreu no último domingo, 4 de dezembro, foi o oposto disso, foi autêntico e inteligente, foi ousado, foi revolucionário.

A classe trabalhadora teve muitos amigos ilustres, pessoas que ganharam fama por habilidades esportivas, artísticas, etc. E que aproveitaram a visibilidade gerada por suas funções para se posicionar publicamente contra a ideologia dominante e a classe dominante, estando ao lado dos trabalhadores em batalhas concretas.

O doutor Sócrates foi um desses. Dizia-se socialista, defensor da revolução. A origem humilde no Pará lhe mostrou que o mundo não é justo, mas descobriu que com a luta o mundo pode sim ser mais justo e democrático.

Militante petista, Sócrates participou ativamente da campanha pelas “Diretas Já!” para presidente da república na década de 80 e teve uma participação fundamental no movimento Democracia Corinthiana, junto a outros jogadores como Wladimir e Casagrande e o diretor Adilson Monteiro Alves, que pôs em prática um maior poder de decisão para o coletivo no clube de futebol, realizando votações para decidir questões como escalação, regras na concentração, os locais da concentração, as contratações e até os prêmios e pagamentos da equipe, entre outras coisas. Todos tinham direito a voto e não havia distinção ou peso maior, fosse titular, reserva ou equipe de apoio (dos diretores aos roupeiros, todos votavam com peso igual nas decisões).

Dentro do contexto de Ditadura Militar que vivia o país, um movimento como esse era uma clara afronta ao regime político vigente. Basta lembrar que a primeira eleição direta para governador em São Paulo ocorreu no ano de 1982, apenas um ano depois do início da Democracia Corinthiana. A experiência foi tão bem sucedida que, além do título de bi campeão paulista, o Corinthians saudou sua dívida herdada da gestão anterior e ainda deixou o caixa com saldo positivo. Isso sem sequer precisar vender espaço de propaganda nos uniformes, que eram substituídos por palavras de ordem políticas como “Diretas Já” e “Eu quero Votar pra Presidente”. Nessa época que se deu a presença de Sócrate em palanques e atos públicos pelas eleições, contando com seus companheiros de clube, comprovando a situação peculiar que vivia o time naquela época, a politização geral da sociedade e o estado de consciência política do grupo, já que a organização e principalmente as ações modificadoras das relações sociais nunca são obra de um único indivíduo, por mais genial que ele possa parecer, mas fruto de uma ação coletiva.

No seu palco, os gramados, após os gols Sócrates comemorava com um braço erguido e o punho cerrado, um gesto que nos remete a uma saudação comunista e que nos traz à memória outro momento de protesto no esporte, quando dois atletas americanos, Tommie Smith e John Carlos, nas olimpíadas do México em 1968, subiram ao pódio pra receber suas medalhas e estenderam um braço com o punho fechado e uma luva negra, a saudação dos Panteras Negras. Como eles, outros atletas, como o jogador brasileiro Reinaldo, do Atlético de MG, e o português Eusébio, também conhecido como “Pantera Negra”, adotaram a comemoração dos seus gols com punho fechado, utilizando um momento festivo e lúdico do esporte para uma expressão política, de solidariedade aos trabalhadores e oprimidos do mundo.

Sócrates declarava-se abertamente um defensor da Revolução Cubana e da Revolução Venezuelana. Inclusive deu a seu filho caçula o nome Fidel, dizia ele que foi o único nome de filho que escolheu.

Não poderíamos deixar de lembrar a sua genialidade com a bola. Inteligente também no seu ofício nos gramados. Era um jogador elegante, com passes eficientes, ficando famoso por seus toques de calcanhar. Sua capacidade de liderança somada ao desempenho como jogador levou-o a condição de capitão da seleção que disputou a Copa de 1982, time comandado pelo grande Telê Santana que encantou o mundo pelo seu futebol arte, mesmo não ganhando o título do campeonato.

Nós trazemos essa homenagem a Sócrates, uma figura única que deixa lições e saudades. Homenagem a Sócrates que é também uma homenagem e reconhecimento à experiência prática que foi a Democracia Corinthiana e sua significação histórica, para além do futebol.

Recomendamos, pra finalizar, esse documentário que acaba de ser lançado em 9/12/2011, chamado Ser Campeão é Detalhe, que conta a experiência da Democracia Corinthiana:




Fonte: http://www.blogesquerdamarxista.blogspot.com/2011/12/socrates-inteligencia-dentro-e-fora-dos.html

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Candomblecistas comentam Jardim das Folhas Sagradas em Salvador

http://www.jardimdasfolhassagradas.com/


Lindinalva de Paula, ekede de Oxum e filha de Mãe Senhora de Ewà, comentou o filme "Jardim das Folhas Sagradas" durante a exibição na tarde do dia 30/11/11 às 16hs no Cine Cena Unijorge (Itaigara)



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