O Instituto Anísio Teixeira (IAT) acatou a sugestão do presidente da Comissão de Promoção da Igualdade do Legislativo baiano, deputado Bira Corôa (PT-BA), de promover uma videoconferência entre professores da rede pública de ensino para discutir as experiências pedagógicas de inclusão de jovens negros desenvolvidas por entidades da sociedade civil. A provocação foi feita pelo parlamentar durante audiência pública do colegiado, na manhã desta terça-feira (30), que ouviu a prática educacional de entidades sediadas em Salvador, como Instituto Steve Biko, Ilê Aiyê e Opó Afonjá.
“Nosso objetivo é ampliar o debate sobre práticas pedagógicas para o desenvolvimento da cidadania e da consciência negra”, disse Bira Corôa. Segundo a representante do IAT, Liane Amorim, a videoconferência deve ocorrer na primeira semana de novembro, dentro da programação no mês em que se comemora o Dia da Consciência Negra.
“Essas experiências relatadas hoje são muito ricas para o professor que ainda convive com o mito da democracia racial no Brasil. Nossa escola pública é negra”, disse Liane. Ela também destacou o esforço do IAT para ofertar cursos de capacitação e formação dos professores dentro da perspectiva da Lei 10.639, que incluiu no currículo oficial a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”.
Ensino - Com 19 anos de existência, o Instituto Steve Biko calcula que contribuiu com o ingresso de mais de mil estudantes negros no ensino superior do País. Ele mantém um curso pré-vestibular para afrodescendentes e é referência em ações afirmativas na área de educação, onde aplica a disciplina de Cidadania e Consciência Negra. “Avançaremos mais com a própria sede, doada recentemente através de lei sancionada pelo governador Jaques Wagner”, completou Pedro Roberto, coordenador do pré-vestibular.
Edmilson das Neves, diretor do Ilê Aiyê e coordenador pedagógico da Escola Mãe Hilda, que funciona na sede do bloco afro baiano, destacou o cotidiano dos alunos da instituição, que têm uma semana de atividades que vai desde aulas de xadrez, pintura em tecido, capoeira e inclusão digital até práticas de esportes, teatro, canto e percussão. Foi exibido ainda uma reportagem sobre o bloco afro, fundado em 1974 no bairro da Liberdade.
A experiência do projeto Irê Ayó, da Escola Eugênia Anna do terreiro Ilê Opó Afonjá, também foi apresentada durante a audiência. Segundo a vice-diretora Iraildes Nascimento, sua prática pedagógica traz a vida da comunidade para o ambiente da sala de aula, interagindo os ensinamentos a partir da realidade local, valorizando suas tradições e história da comunidade, que fica no bairro do Cabula.
Para o secretário de Educação de Vitória da Conquista, Coriolano Moraes, o desafio de colocar em prática a Lei 10.639 “não envolve apenas legislação, mas, sobretudo, mudança de comportamento”. Ele relatou o trabalho da Prefeitura Municipal para implantar o Núcleo de Educação para Diversidade e o desafio permanente de instituir políticas públicas para atender as comunidades quilombolas do município. “Estamos trabalhando para que todas as escolas em áreas de quilombo em Conquista tenham acesso à internet”, revelou Coriolano, que parabenizou a iniciativa da Comissão em promover o encontro.
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